
13 de maio de 1959. Para comemorar o inédito título de campeão mundial que havia conquistado no ano anterior, a seleção brasileira realiza um amistoso contra a Inglaterra, exatamente o único adversário que não tinha vencido na memorável conquista na Suécia – o jogo terminou empatado em 0 x 0.
Um clima de grande expectativa antecedeu à partida, com repercussão na imprensa de todo o país.
A torcida lotou o Maracanã naquele dia para assistir ao tão esperado confronto. Entretanto, assim que o locutor do estádio anunciou a escalação do Brasil, com Julinho, do Palmeiras, na ponta direita, no lugar de Garrincha, o grande ídolo da torcida brasileira, ao lado de Pelé, ouviu-se o maior côro de vaias da história do futebol - estima-se em mais de 100 mil torcedores.
Julinho, com a fidalguia que sempre o acompanhou por toda a carreira, não se abateu e, consolado pelo técnico Vicente Feola, apenas respondeu: - não se preocupe, chefe! - Vou jogar bem!
E bastaram apenas 2 minutos de jogo para o estádio emudecer: Julinho recebe a bola na ponta direita, se livra espetacularmente de dois zagueiros e marca um golaço, vencendo a quase intransponível defesa inglesa. Aos 15 minutos, em nova jogada sensacional, dá a bola açucarada para o centroavante Henrique, do Flamengo, fazer 2 a 0.
E durante todo o jogo, foi uma sucessão de jogadas brilhantes. Após os 90 minutos, todos os torcedores presentes ao Maracanã se renderam à classe e a determinação do craque, e as vaias iniciais se transformaram em calorosos aplausos.
Ps: Julinho Botelho, um dos maiores pontas direitas da história do futebol, ídolo das torcidas da Portuguesa de Desportos, Fiorentina, da Itália - onde era adorado - e Palmeiras, além de brilhar também na seleção brasileira, na copa de 1954, faleceu em São Paulo, em 11 de janeiro de 2003, aos 73 anos. Sem nunca ter o reconhecimento merecido.
Foto: Revista do Esporte