Histórias de Chinesinho
19 de Abril de 2011 11:34Por Celso Unzelte, colunista do Yahoo! Esportes
No sábado, 17 de abril, morreu na cidade gaúcha de Rio Grande, aos 75 anos, o ex-meia-esquerda Sidney Colônia Cunha, o Chinesinho, ídolo do Internacional e do Palmeiras nas décadas de 1950 e 1960, que há anos sofria do Mal de Alzheimer. Nascido também em Rio Grande, em 28 de junho de 1935, Chinesinho foi o antecessor de Ademir da Guia na condição de dono da camisa 10 palmeirense, que vestiu durante quatro anos, de 1958 a 1962, em 241 jogos, marcando 55 gols. As histórias da coluna de hoje são uma homenagem a ele.
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Chinesinho havia começado a carreira no Renner, de Porto Alegre, e em seguida se transferido para o Inter, do qual veio para o Palmeiras em 1958. Junto com ele, veio também o futuro técnico Ênio Andrade, com quem Chinesinho formou a ala esquerda da Seleção Gaúcha campeã Pan-Americana no México, em 1956, representando a própria Seleção Brasileira. Ponta-esquerda de origem, Chinesinho chegou a ser barrado do time após a acachapante derrota do Palmeiras para o Santos por 7 a 3, na Vila Belmiro, durante o Campeonato Paulista de 1959, como conta o blogueiro palmeirense Mário Lopomo.
Lopomo conta também que quem descobriu a vocação de Tupãzinho para jogar na meia-esquerda, onde ele se consagraria como campeão paulista em uma histórica melhor de três contra o próprio Santos, naquele mesmo ano, foi o técnico Oswaldo Brandão. Com quem, aliás, Chinesinho não se dava. Anos depois, já consagrado, o próprio Chinesinho confessou: "Não falo com o Brandão, mas devo a ele tudo o que eu sou".
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Naqueles tempos em que jogador que ia para o exterior ficava de fora também da Seleção Brasileira, Chinesinho chegou a ser considerado o substituto ideal de Didi, que havia se transferido para o Real Madrid, da Espanha. Até que também ele, Chinesinho, acabou negociado pelo Palmeiras com o Modena, da Itália. Conta-se que com o dinheiro da transação o Palmeiras não só impulsionou as obras da reforma do velho Parque Antarctica, transformando-o no hoje também demolido Jardim Suspenso, como ainda conseguiu trazer 15 jogadores, entre eles Servílio, Tupãzinho, Vavá, Rinaldo e Djalma Dias. Todos brilharam no time conhecido como Academia, nos anos 60.
Depois, Chinesinho jogaria também no Catania, na Juventus e no Vicenza, todos da Itália, e no Cosmos, dos EUA. Em seu perfil na seção "Que Fim Levou", do site Terceiro Tempo, do jornalista Milton Neves, o também jornalista Rogério Micheletti conta que nos tempos em que residia na Praia Grande, no litoral paulista, já aposentado, Chinesinho "costumava passar o tempo jogando tranca e dominó com os amigos no calçadão da praia. Após algumas 'loiras geladas', corria para um orelhão, ligava (ou apenas fingia que ligava) para a Itália e bradava, em alto e bom italiano: 'Mi pensione, mi pensione...' ('Minha pensão, minha pensão...')
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Nem todas as glórias alcançadas como jogador, porém, foram suficientes para garantir o sucesso a Chinesinho quando ele se aventurou na mais ingrata das funções no futebol, em 1985: a de técnico.
Naquele ano, o Palmeiras completava sua nona temporada longe de um título importante (chegaria a 16 e só quebraria esse jejum quase oito anos depois, com a conquista do Paulistão de 1993). Durante exatos dois meses, ao longo do Campeonato Paulista de 1985, Chinesinho foi o técnico da equipe, substituindo Mário Travaglini e sendo sucedido por Vicente Arenari.
Entre os dias 14 de julho e 15 de setembro daquele ano, o técnico Chinesinho acumulou 5 vitórias, 6 empates e 3 derrotas em 14 jogos disputados. Caiu após um empate por 1 a 1 com o Paulista, em Jundiaí, e deu origem a uma piada que comparava aquele time do Palmeiras a um circo mambembe: afinal, tinha um "Leão velho" no gol e, no banco de reservas, um "Chinesinho" que não conseguia fazer mágicas...
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Por fim, para resumir a importância que Chinesinho teve para a geração de torcedores que o viram em campo, basta reproduzir aqui uma mensagem, postada pelo ex-governador José Serra, 69 anos, em seu twitter, ao saber da morte do jogador pela coluna "Almanaque", que eu assino todas as segundas-feiras no caderno Esporte do Diário do Comércio:
joseserra_ José Serra
Diz o Celso Unzelte, corinthiano fantástico: morreu o Chinesinho, do Palmeiras,do tempo em q meu time era o único q podia c/o Santos do Pelé
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