Jordan, ex-zagueiro do Flamengo, grudava em Garrincha, do qual virou amigo 'De cachaça eu não gosto'
Historinhas de Jordan, o mais leal marcador de Garrincha
Morreu na sexta-feira, 17 de fevereiro, no Rio de Janeiro, aos 79 anos, o ex-lateral-esquerdo Jordan, do Flamengo. Jordan da Costa nasceu também no Rio, em 24 de novembro de 1932. Começou no São Cristóvão, em 1951, e no ano seguinte já estava no Flamengo, pelo qual conquistou o tricampeonato carioca de 1953/54/55, o título estadual de 1963 e o Torneio Rio-São Paulo de 1961. Ele é o quarto jogador que mais vezes vestiu a camisa rubro-negra, em 608 partidas (atrás somente de Júnior, com 874; Zico, com 732; e Adílio, com 615). Em 13 anos de carreira profissional, Jordan jamais foi expulso de campo, consagrando-se como o mais leal marcador do infernal driblador Garrincha.
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Era o próprio Garrincha quem o considerava seu marcador mais leal, pois Jordan nunca apelou. "Porque não bate. Jordan vai na bola. Adivinha o que eu vou fazer e por isso é difícil de ultrapassar". Há quem acredite, porém, que Garrincha só dizia isso para que Coronel, do Vasco, e Altair, do Fluminense, passassem a bater um pouco menos.
Mas Jordan, de fato, nunca apelou. Nem mesmo no mais famoso duelo entre os dois, realizado no Maracanã em 15 de dezembro de 1962. Naquela tarde, o Botafogo foi bicampeão carioca fazendo 3 a 0 no Flamengo, com dois gols de Garrincha e um gol contra do rubro-negro Vanderlei — ao tentar impedir um outro gol de Garrincha. Naquele dia, com o jogo já decidido, Jordan ainda teve que aguentar as brincadeiras em campo do velho companheiro, que, de posse da bola, ainda dizia: "Vem, Jordan, vem me pegar!"
"Aquilo me dava forças para chegar duro nele", disse Jordan para o filme Simplesmente Passarinho, que retrata a carreira de Garrincha. "Quando ele começava a fazer aquelas 'papagaiadas', eu estava sempre junto. Mas ele era legal comigo. Ele não me dava pontapé, nem eu nele."
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Fora de campo, Jordan e Garrincha também sempre se deram bem. Certa vez, quando os dois estavam concentrados juntos, para um jogo da seleção brasileira, Garrincha convidou Jordan para ir ao botequim da esquina.
"Bota duas águas aí, nossa amizade", teria dito Garrincha ao empregado do balcão, que serviu dois copos grandes.
— Mas isso é cachaça, Garrincha! — surpreendeu-se Jordan.
Garrincha riu:
— O que você pensou que fosse?
— Água. Cachaça eu não gosto.
— Pois eu gosto às pampas. Deixa que eu bebo a sua. Salta uma São Lourenço aí pro meu amigo Jordan...
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