Uma reflexão sobre a Campanha da Fraternidade
Neste ano o tema proposto da Campanha da Fraternidade é “Fraternidade e a Saúde Pública”, com o lema: Que a saúde se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8).
A Campanha começa com o desejo de que todos tenham a saúde integral. É esse o que mais se deseja. Há muito tempo, ela vem sendo considerada a principal preocupação e pauta reivindicatória da população brasileira, no campo das políticas públicas.
Mas o que é a saúde integral?
Segundo Flavia Caretta : “a Organização Mundial de Saúde há várias décadas definiu “saúde” como “um estado de completo bem estar físico, mental e social e não a simples ausência do estado de doença ou de enfermidade” (OMS, 1948). Nos anos sucessivos, houve uma reconsideração e passou-se de um conceito de “estado” a de “processo”.
Saúde como resultado de um processo que visa reencontrar continuamente um equilíbrio dinâmico no interior de si mesmo e com o ambiente, para procurar satisfazer as necessidades biológicas, psíquicas, sociais, culturais, espirituais que se apresentam nos diversos momentos...
A saúde, então, é a capacidade de gerir a própria situação de vida, é sinônimo de aceitação interior, de não se abandonar ao desespero, mesmo diante de graves patologias. Saúde significa cura interior, isto é, capacidade de administrar uma situação de vida, mesmo quando o corpo se desagrega."[1]
O processo para esse bem estar envolve a consciência de que fomos criados do Amor e para o amor e somente amando os outros é que estabelecemos este equilíbrio.
Atingir a saúde integral envolve colocar em prática em nossos ambientes alguns objetivos específicos, elencados por esta Campanha da Fraternidade :
a. disseminar o conceito de bem viver e sensibilizar para a prática de hábitos de vida saudável;
Sendo o nosso corpo o templo do Espírito Santo devemos manter a saúde do corpo para servir Deus e aos irmãos prontos também a acolher a doença e a morte como dons.
b. sensibilizar as pessoas para o serviço aos enfermos, o suprimento de suas necessidades e a integração na comunidade;
Em nossos ambientes de trabalho, podem surgir oportunidades, e ali temos a possibilidade de tomar iniciativas para sensibilizar as pessoas que convivem conosco. Como exemplo, contamos a experiência de Bita.
Bita trabalha com dependentes químicos na Fazenda da Esperança, na cidade de São José dos Campos, realizando a abordagem e encaminhamento dos dependentes para fazer uma experiência na Fazenda. Para a pessoa que irá ingressar na Fazenda, há a necessidade de uma avaliação médica e psicológica. A maioria das pessoas não tem acesso aos especialistas para essa avaliação.
Frente a essa situação, Bita marcou uma reunião com o Secretário de Saúde para uma solução concreta em relação a essa questão. Enquanto isso, procura consultórios de profissionais dessas áreas que possam realizar um trabalho de aconselhamento dos familiares.
c. alertar para a importância da organização da pastoral da Saúde nas comunidades: criar onde não existe, fortalecer onde está incipiente e dinamizá-la onde ela já existe;
Um primeiro passo pode ser dado promovendo a vinculação das pastorais com os conselhos gestores das unidades básicas de saúde, a princípio participando das reuniões; visto que as mesmas são abertas e, posteriormente, aos poucos se elegendo como membros do conselho, pois essa é uma boa forma de participar nas definições das políticas públicas.
d. difundir dados sobre a realidade da saúde no Brasil e seus desafios, como sua estreita relação com os aspectos socioculturais de nossa sociedade;
É importante que os dados sejam divulgados à população; à medida que as pessoas tomam conhecimento sobre a importância de “auto cuidarem-se”, tornam-se protagonistas de sua saúde.
Cabe a cada um de nós conhecermos a realidade da saúde, baseada nos levantamentos previstos do Ministério da Saúde, para ajudarmos, em nossas comunidades, a despertar a consciência de nosso papel.
Podemos citar o exemplo de uma agente comunitária de saúde que, com simplicidade, fala às mulheres de sua área de abrangência que “caso não façam a coleta de Papanicolau até a Presidente da República ficará sabendo disso...”.
e. despertar nas comunidades a discussão sobre a realidade da saúde pública, visando à defesa do SUS e a reivindicação do seu justo financiamento;
Segundo Daniel Fassa[2], o nascimento do SUS (Sistema Único de Saúde) foi uma das importantes conquistas da Constituição Federal de 1988 e consolidado pela Lei Orgânica da Saúde n° 8080, de 1990, pois ele traz como novidade a construção de um sistema de saúde pública universal, com cobertura integral, gestão descentralizada – compartilhada entre os três níveis de governo – e participação comunitária.
Entre os avanços desse sistema de saúde está a distribuição gratuita de medicamentos e insumos (como, por exemplo, a distribuição de material geriátrico e insumos para diabéticos em São Paulo).
Apontados também por Daniel, constatamos algumas situações tais como: “... a superlotação do sistema, o acesso precário, com longas filas, a falta de leitos hospitalares, a carência e a má distribuição dos profissionais de saúde,...”.
Ressalta-se um aprimoramento do SUS com o Projeto de Lei do Senado n° 121/2007, aprovado em dezembro de 2011 e sancionado pela Presidente Dilma Roussef em janeiro.
f. qualificar a comunidade para acompanhar as ações da gestão pública e exigir a aplicação dos recursos públicos com transparência, especialmente na saúde.
Esse objetivo nos impulsiona a criar em nossos grupos um espaço para que possamos conhecer as ações da área da saúde em nossas cidades.
Também abre a possibilidade de acompanharmos as propostas de políticos, neste ano eleitoral, como um exercício de nossa cidadania.
Essa Campanha da Fraternidade surge como um marco inicial para aprofundarmos nossos conceitos da saúde integral seja a nível pessoal, em nossa família, dentro de nossos ambientes de trabalho ou em nossa comunidade, e abre a possibilidade de levantarmos idéias, sugestões para colocar em prática a prevenção e promoção da saúde.
Procuremos durante este ano criar oportunidades para a reflexão da saúde, tendo em mente que o equilíbrio para uma vida saudável passa pelo binômio vida - amor e " como fomos criados " como um dom uns para os outros" , isto gera a fraternidade a qual leva à renovação da sociedade.
Comissão do Verde/Mundo da Saúde, Esporte e Meio Ambiente
Humanidade Nova – Região Sudeste
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