O repórter Fernando Fernandes estréia, contando como sobreviveu a um ataque de leão - Caramba!
Sou paulistano: nasci no Brás, me criei na Mooca. Jogo bola. Tenho uma cicatriz no pulso direito. Ganhei na várzea, jogando pela APEA (Associação Paulista de Esportes Amadores) no campo dos Bois, num sábado à tarde, horário nobre para os peladeiros. Corte profundo. Fui até para o hospital, de calção, meiões, camisa e chuteira, ao lado do meu pai, velho Helio, que na época era jogador dos veteranos.
A cicatriz é um troféu que carrego com carinho. Cada vez que a vejo, lembro dos bons tempos correndo com a bola, defendendo também outros times... Veteranos Brasil, Cuca Fresca da Vila Prudente, Parque da Mooca.
Queria ser médico. Virei jornalista. São 25 anos de profissão, correndo o mundo. Quase quatro Copas do Mundo, três Olimpíadas, Pans, finais de campeonatos e muitas outras coisas legais. Pelo esporte, fui morar na Europa; três anos em Portugal. Repórter do canal 4 da terrinha, da rádio Festival, assessor de imprensa da Federação Portuguesa de Futsal.
Agora, pintou mais uma novidade: pela primeira vez, vou escrever na internet, conciliando com o meu trabalho na Rede Bandeirantes. Uma oportunidade bacana de conviver com vocês. Vou contar histórias, mostrar bem de perto como é uma cobertura de Copa do Mundo, da seleção brasileira.
É a terceira vez que vou para a África do Sul. No ano passado, cobri a Copa das Confederações. Em 2000, a caminho da Austrália para a cobertura da Olimpíada, fiz uma escala técnica em Johanesburgo. Um dia e meio na maior cidade sul-africana, antes de seguir viagem. Tempo suficiente para uma aventura - a primeira, de muitas histórias, que vou contar aqui neste espaço.
O desejo é inevitável - na terra do safári, você quer fazer um. Foi esse o pensamento de toda equipe que estava comigo.
Mas todos os programas ficavam muito longe, não teríamos tempo. Depois de uma rápida pesquisa, descobrimos um parque de predadores. Ficava a uma hora do nosso hotel. Em quatro vans, cerca de trinta profissionais da Band seguiram para o encontro com as feras.
Maravilhas, Chitas, Guepardos, Hienas, Cães Selvagens, passeando ao nosso lado. Mais adiante, isolados, leões e leoas, esparramados num pequeno monte, debaixo da sombra de uma árvore, para fugir do calor. Depois de trinta minutos circulando, uma parada para compra de lembranças, ida ao banheiro e a grande atração para os turistas: uma foto com os filhotes de leão.
Num cercado, um deles estava dormindo. Dois circulando, protegidos pelos guardas para não serem devorados pelos machos adultos.Pagava-se 10 rands, pouco mais de 2 reais, para entrar no cercado e levar uma recordação dos bichos.
O primeiro aventureiro conseguiu, o segundo também. Pensei: não vou embora sem uma foto. Pulei dentro do cercado. Quando virei para entregar a máquinha para o meu editor, senti a mordida na perna direita, bem atrás do joelho. Fiquei imobilizado. Era o leão que estava dormindo. O animal acordou, não gostou do que viu e partiu pra cima. Tentei me livrar do bicho, mas ele não soltava. Dei três socos na cabeça dele, e o leão desistiu do lanche.
A gargalhada foi geral. No começo levei numa boa, mas no carro, voltando para o hotel, começou a piração. Achei que poderia morrer de ebola - na época, o vírus estava na moda. Fiquei preocupado, se a ferida infeccionasse, adeus cobertura da olimpíada. Falei com o guia e ele me disse para não esquentar, pois iria poder contar no Brasil que resisti ao ataque de um leão.
No dia seguinte, embarquei para a Austrália. Em Sidney, fui para um hospital. O medico riu da minha história, me encheu de vacinas e antibióticos. Não perdi a perna e ainda ganhei um bom motivo para voltar para a África do Sul. Além da Copa do Mundo, reencontrar o leão, dez anos depois.
Nota da Redação:Por seu trabalho na Band, Fernando Fernandes foi eleito o melhor repórter de TV no ano passado pela Associação de Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (ACEESP). Em reportagens exclusivas, ele vai contar para os seguidores do Esportes o que se passa nos bastidores da seleção brasileira na África do Sul.
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